26 fevereiro 2009

Crise... de vesícula




Todos os dias se fala de crise. Está tudo muito mal, vêm ai tempos incertos mas o que não nos dizem é quem foram os responsáveis por esta situação.
Se os bancos especularam e se endividaram mais do que deviam, deve haver responsáveis e parece-me o mínimo da elementar justiça, que sejam substituídos, apresentados à justiça e no caso de culpa provada, destituídos.
O Governador do Banco de Portugal, Dr. Hesitâncio, já sabemos que não viu nada e lá se mantêm.
Mas os outros, os administradores, Senhor? Esses ninguém conhece, nem sabe quem são, ou melhor, provavelmente, ainda por lá estão. O BCP tinha pelo menos nove administradores, todos com nomes pomposos e mordomos na ante-sala. Pediram dinheiro ao banco a juros mais baixos dos que eu pago pelo meu empréstimo, compraram-nas, inflacionaram-lhe o preço e ficariam mais ricos... não fosse a crise.
Queremos um rol detalhado de todas estas operações, sobretudo nos bancos do Estado, e, como cliente gostaria de saber se o filho do Dr. Jardim Gonçalves pagou o mesmo spread, juro e mais aquelas merdas com nomes que só eles entendem.
Até lá não me falem mais de crise.

PS: Parem de anunciar mil milhões para isto e para aquilo, apresentem soluções que as pessoas entendam. Olha, peçam dinheiro emprestado ao Manuel Fino!



O segredo bancário
Na Suíça, que deve ser o país que reúne mais entediantes por metro quadrado, discute-se a arrogância dos Estados Unidos porque lhes fez um ultimato: «ou dão o nomes de 52 detentores de contas na UBS ou pomos os bancos suíços fora da América».
Eles espernearam, espernearam, mas lá deram - das Kapital fala sempre mais alto - e o resultado foram 17 milhões de dólares cobrado em impostos.
No dia seguinte deram uma lista de 20.000 nomes.


Linguajar
vitelinho
cadela
areópago
superlativo
ciumenta
mistérios gasosos
sorvete
canícula
canzana
lustros
linguado
cágado
ânsias
barriga da perna
Carregado do sal
leonídio


MPB
Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho...

O resto é mar
É tudo que não sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar
Vem de mansinho à brisa e me diz
É impossível ser feliz sozinho...

Da primeira vez era a cidade
Da segunda o cais e a eternidade...
Agora eu já sei
Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver...
Vou te contar...



A Flauta Mágica

Peguem no disco e oiçam

Papageno, na seguna cena do Acto I, apresenta-se coberto de penas, como um pássaro e canta alegremente aquilo que é: um passarinheiro, uma caçador de pássaros, feliz com a sua condição humilde (ele nunca tinha tido o privilégio, muito menos a ideia aterradora de ver a Rainha da Noite, até se encontrar ali com o príncipe Tamino). Apenas sente a falta de uma jovem companheira a quem dedicar o seu amor.
Na aria da edição de 1791, Papageno tem direito a duas estrofes, de que vou apenas resumir o sentido:
"Sim, sou um passarinheiro, sempre contente, e conhecido de todos, jovens e velhos.Sei usar a minha rede, sei tocar a minha flauta, e assim apanho os pássaros que quero. Mas de verdade o meu desejo é prender uma jovem, e guardá-la agarrada a mim".
Na edição de 1795 a Aria tem mais uma estrofe, como anota van den Berk, em que se acentua o desejo de ter alguém a quem amar; resumindo:
"Se todas as jovens do mundo fossem minhas eu escolheria uma para beijar e abraçar, ela seria a minha mulher, eu o seu homem, ela dormiria a meu lado, comigo a embalá-la como se fosse uma criança".
Já se vê, neste acto, que haverá um par natural, por assim dizer, em complemento do par espiritual que formarão Tamino e Pamina.

No Segundo Dia da viagem a caminho do encontro misterioso que aguardava Christian, este, já na floresta, encantado com o canto dos pássaros que o rodeiam, entoa o seguinte hino:
Caro passarinho, alegra-te
glorificando o teu criador:
lança o trinado claro e puro
a Deus que está no alto,
preparando o alimento
que a seu tempo será dado.
Contenta-te com isso.
Não fiques aborrecido,
não leves a mal que Deus
te tenha criado pássaro.
Não perturbes a tua cabecinha,
só porque ele não te fez homem.
Silêncio, a sua escolha foi a mais ponderada.
Contenta-te com ela.
Pobre verme sobre a terra, que fazer?
...
Homem, aprende a contentar-te.
Não te lamentes por Deus
não te ter feito imperador,
talvez nessa altura desprezasses o seu nome.
O seu acto foi ponderado.
Os olhos divinos são mais penetrantes,
Deus penetra no teu coração,
a ele não o podes enganar.

No fundo, a lição aqui dada é a da simplicidade e aceitação do que se é na vida, sem mais.A cada um seu lugar, a cada um aquilo para que foi talhado, na esfera da cadeia universal. Papageno pertence a esta linhagem dos pássaros, que no fundo são criaturas como os homens, criadas por Deus para o servirem.E a lição, é claro, é para que os homens, neste caso Christian, o herói, a entendam e aceitem.

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