Adega dos Lombinhos
Como uma puta que não beija na boca, na Adega dos Lombinhos não servem café.
Esquisitices de prostituta que não quer ser amante em adega que não quer ser restaurante. Na Adega dos Lombinhos, o nome é a coisa.
A Adega é uma adega, com vinho tinto, branco e verde, traçadinhos e copos-de-três, verde tinto frio e outras receitas para uma boa dor de cabeça; uma adega que abre às sete da manhã, que a sede e a fome de quem trabalha madrugam. E é uma adega dos lombinhos, de porco claro, feitos na chapa, à vista do respeitável público, em dose inteira, ou meia, ou no pão. Sempre suculentos apesar de finos, temperados antes, nunca duros ou ressequidos. E com batatas fritas, das verdadeiras, muito bem feitas, que apetece comer sempre com a mão, da travessa. Batatas que são "batatinhas", sempre no ponto de fritura correcto, e podem vir mais "se desejar".
É claro que há mais na Adega para lá dos lombinhos. Há sobretudo bacalhau. Cozido, posta em cunha, bem escolhida e bem demolhada, de lasca untada, com grão manteiga, muito bem cozido, e pires de inox bipartido com cebola de um lado e salsa picada do outro, para temperar a gosto, com os dedos, como quem semeia. Também pode ser assado, o bacalhau. E aqui vê-se que o cozinheiro não andou, como os seus homólogos dos grelhadores ali da Baixa, na escola de hotelaria do crematório do cemitério dos Olivais. Também há chocos frescos com tinta, muita e muito preta, a saber ao mar, do qual a Adega é abrigo (Lisboa ainda é muito um intervalo de mar). A batata cozida que vem com os chocos, que podia ser melhor, parece gostar muito de se tingir, como uma gorda a banhos de lama num spa.Com doze lugares, três empregados e muitas vezes o dono na casa, comer na Adega tem algo de exclusividade. Bom atendimento e uns mimos do pessoal desde o senhor do babete (e do arroto) ao casal de advogados excêntrico,. Tudo sob o olhar maternal e o sorriso bonito seco de sol e sal que vai lavando os pratos, tão distinto (e deslocado?).E na sobremesa, uma total liberdade de escolha entre gelatina e fruta. Nada de mousses de mangas ou sericaias – é o estilo Small is beauti da Rua dos Douradores. E para quê doces-doces se tão doce é o melão, bem escolhido, de certeza apertado por mãos sabedoras até dar aquele estalinho? A gelatina, com travo a canela, enquanto derrete na boca, permite saborear o balcão, sempre movimentado, com faquires de filetes de bacalhau e ovos cozido, e o ar que rescende da mistura de pronúncias. É que estamos na Baixa, esse imenso Portugal dos Pequenitos, onde toda a gente veio de não sei onde. Vieram para trabalhar, mas querem continuar a comer a comida lá da terra.
26 novembro 2008
Não servimos cafés...
Democépticos?
Manuela Ferreira Leite é um líder pouco simpático e uma mulher que não vive em função dos media.Para além disso é feíssima, mulher e velha.Para ser imperdoável só lhe falta ser gorda.Somadas todas estas razões,a que se juntam um partido com vocação de poder e de dinheiro temos o que se assiste:-um massacre constante da liderança.O partido socialista nem sequer lhe se preocupa,limitando-se como o hebdomadário num coro de monges a dar o mote,para que o próprio partido a estilhasse. Ferreira Leite é séria, sabe como fazer e não cede a lobbies facilmente, preconiza uma relação saudável e pouco promiscua com os jornalistas. É difícil para a comunicação porque, nunca propõe acções em função da agenda das televisões. Os media, esses massacram-na.
Isto vem a propósito da suspensão da democracia por seis meses. A ideia de que se abandonarmos a democracia e privilegiarmos regimes mais autoritários conseguiríamos um maior bem estar num maior crescimento não tem qualquer fundamento. Os portugueses são democépticos, acham que "eles" só nos prejudicam, mas ainda assim, preferem, sem dúvida, a democracia. Um exemplo claro foi a intervenção corporativa patética do General Loureiro dos Santos sobre uma eventual intentona. Todos sorrimos e achámos que o velhinho não percebeu que o país andou 30 anos.
Pide
Hugo Chavez
Casa do Bento
Acho escandaloso irem dar dinheiro ao banco que gere fortunas – disse ele.
– Eu já não entendo nada – exclamou ela. – Apareceu a irmã desse vigarista do banco toda enrolada numa manta e de bata como se fosse uma criada a dizer que ele só passava cheques.
– Passava – respondeu ele – sobretudo para a conta dele.
– Pois é. Mas se tinha tanto dinheiro podia levar a irmã ao cabeleireiro e comprar-lhe uma bata nova antes de aparecer nos jornais. Onde já se viu.. e depois diz que se divorciou e deu tudo à mulher... olha, se ela for esperta casa com um mais novo e vai para a Madeira.
21 novembro 2008
Maturidade
Padre António Vieira
Sexta Feira é dia de Oxalá
«Il faut des gens que s'ocuppe des autres»
A fé é dos fortes e dos fracos. Daqueles que percebem melhor e dos outros. E os fracos aqui são aqueles mais picuinhas que eventualmente atribuirão importância a coisas que não são importantes. Os escolhidos são todos. Alguns só são mais disponíveis e atentos, por isso vibram, mas a fé, essa, é de TODOS, dos fortes e dos fracos.
Bahia, minha bahia,
A revista Mulher Moderna tem uma coluna social recheada...
Esta semana ficámos a saber que o salão de cabeleireiro João Rodrigues em Mem Martins completou o primeiro aniversário. A comemoração contou com a participação de ANA, KÁSSIO, FILIPE E TOZÉ, cantores da nossa praça. A festa contou ainda com a inauguração da exposição da pintora internacional Idilia Silva... Eu sei que estive no mato muito tempo, mas,quem é esta gente?
20 novembro 2008
Deo in adjutorium meum me intende
Se eu quiser falar com Deus
19 novembro 2008
Usar a cabeça
O Presidente-Eleito Obama e os LGBT
«While we have come a long way since the Stonewall riots in 1969, we still have a lot of work to do. Too often, the issue of LGBT rights is exploited by those seeking to divide us. But at its core, this issue is about who we are as Americans. It's about whether this nation is going to live up to its founding promise of equality by treating all its citizens with dignity and respect.»
Barack Obama, June 1, 2007
Algumas das medidas em concreto:
1. Legislação federal que penalize os crimes motivados por homofobia;
3. Protecção federal e legislação federal para uma "união civil" entre pessoas do mesmo sexo;
4. Oposição a uma revisão constitucional que proíba os casamentos homossexuais;
5. Eliminação da política "don't ask, don't tell" nas forçar armadas americanas;
6. Maior protecção a todos os casais de pessoas do mesmo sexo ou indivíduos lgbt que pretendam adoptar;
7. Maior aposta, quer na prevenção do VIH/SIDA, quer do papel das Mulheres nessa prevenção.Enfim, não sendo perfeito, é muito para os padrões a que a América nos habituou...
– Não gosto nada deste homem, o Constâncio.
– Nem eu, mãezinha. No PS chamavam-lhe o hesitâncio...
– A única coisa boa que tem é ser casado com a Maria José que é filha do sr. Barrigana que fazia as ameixas Rainha Santa lá em Estremoz, mas isso agora está tudo acabado. Não há quem queira...
– Pois...
– Pois se não serve para enfrascar ameixas como é que pode tomar conta de um banco. Deve ser por isso que não tem clientes. Nunca vi ninguém dizer que vai ao Banco de Portugal levantar dinheiro...
– Oh, mãe, o Banco de Portugal é o regulador.
– Ora que novidade, isso sei eu. Agora que não tem clientes, não tem. Já viste algum multibanco do Banco de Portugal?
Tamanho Médio dos Testículos - 5cm de comprimento, 2cm de altura e 3cm de diâmetro.
Ângulo Médio de Erecção - é15 graus acima da horizontal.
Tempo Médio para ter uma Erecção - é 3 a 8 segundos.
Velocidade Média da Ejaculação - O esperma é projectado para fora do pénis a 45 Km/h. Quando entra na vagina, demora 5 minutos para atravessar os 15cm de território até ao cervix (1,8 m/h).
Volume Médio da Ejaculação - 4cm3, mas com uma variação enorme de indivíduo para indivíduo.
Conteúdo Calórico Médio da Ejaculação - Entre 2 e 5 calorias. Valor calorico igual ao de 1 ou 2 balas tic-tac.
Alcalinidade Média do Sémen - 7.0 a 8.0 na escala do pH.
Viscosidade Média do Sémen - 0.00935 Pa. s. (como comparação, a água tem uma viscosidade de 0.001 Pa. s.)
Esperança Média de Vida do Sémen - O esperma geralmente sobrevive 48 horas dentro do corpo da mulher.
Duração Média do Orgasmo - 3 a 5 segundos nos homens.
O Maior Pénis - O maior membro erecto que aparece na literatura da medicina media 35,5cm, e foi medido pelo Dr. David Reuben em 1969. O Dr. Reuben não divulgou como é que fez as medições, por isso, a sua precisão poderia não ter sido a correcta.O maior pénis clinicamente provado media 34,3cm de comprimento e 15cm de perímetro e foi documentado nos anos 20 pelo Dr. Robert L. Dickinson.
OH OH MAMA AFRICA
O Maior Pénis por Raça - Louis Jacolliet, um escritor francês do século XIX que passou três décadas a estudar o tamanho dos pénis, disse: "Não há nenhuma raça humana cujos órgãos sexuais masculinos sejam tão desenvolvidos como os dos Negros Africanos."Certamente que a crença de que os Africanos têm pénis maiores é bem conhecida, mas será que os factos a confirmam?O mais exaustivo estudo sobre o tamanho dos pénis revela que o tamanho médio de um pénis de um Branco é de 15,7cm de comprimento e 9,3cm de perímetro, enquanto que o pénis médio de um Negro é de 16cm de comprimento e 9,6cm de perímetro. As diferenças, como se pode verificar são muito poucas.Se os pénis forem medidos sem erecção, então as medidas são: para os Negros 10,9cm de comprimento, e para os Brancos 10,16cm.
Estes dados, no entanto, não são conclusivos, visto que para este estudo, apareceram apenas 59 Negros, contra 2500 Brancos.
O Menor Pénis - Há vários casos na literatura médica de pénis que não ultrapassam 1cm de comprimento quando erectos. Os médicos chamam-lhes "micropénis". Há cirurgias reconstrutivas que conseguem estender o pénis até 7cm de comprimento. Não é muito, mas é melhor que nada.Maior ExtensãoUm cirurgião plástico dinamarquês, o Dr. Jorn Ege Siana, já fez mais de 100 operações de extensão de pénis. Ele diz que atingiu um recorde mundial ao extender um pénis em mais 14,5cm. O paciente foi um indivíduo de 42 anos que tinha um pénis com apenas 4,5cm. Após a operação, o médico convocou uma conferência de imprensa, e apresentou as fotos do "antes" e "depois", que podem ser vistas neste site. O Dr. Siana disse também que este foi um caso único, já que as extensões médias variam entre 5 e 7 centímetros.
TESTÍCULOS
Os Maiores TestículosO testículo normal deve medir cerca de 4cm para os lados e 2cm para a frente. As vítimas de Elefantíase do Escroto, uma doença causada pela obstrução dos vasos dos testículos, podem inchar os testículos até ao tamanho de uma melancia. O maior testículo registado pertencia a um Africano, pesava 70Kg e media mais de meio metro de diâmetro. Felizmente, há um medicamento chamado diethylcarbamazina que consegue reduzir os testículos ao seu tamanho normal.
Maior Número de Testículos - A presença de mais do que 2 testículos é chamada de poliorquidismo. É raro, mas existem cerca de 75 casos registados até hoje de indivíduos com 3 testículos. No entanto, também há casos de mutantes que nascem com 4 ou até 5 testículos, mas são extremamente...
Virá ao Velho Mundo... prometo tratá-lo como merece.
17 novembro 2008
In adversitas felicitas crescent
Tenho muito orgulho nelas e muita nostalgia
In adversitas Felicitas crescent!
Cimeira do G20
Acho inacreditáveis estas cimeiras de boas-intenções e, (como bem escreveu Mário Soares no Público) que ela seja realizada sob a batuta daqueles que deixaram o mundo chegar a isto. Fazer uma cimeira presidida por um Bush que está cerceado de poderes ( e ainda bem), e por todos os rostos dos FMI,bancos mundiais,reguladores internacionais é no mínimo caricato e no máximo uma manobra de propaganda.
A medida a implementar e amplamente anunciada é também ridícula: criar mecanismos de alerta para situações semelhantes.
Deixem-me rir, aliás, deixem-nos chorar.
O que queremos saber é onde estão os offshores, os inshores, quem os supervisiona e como serão limitados (até porque fogem aos impostos) e donde provem esses dinheiros.
Nesta iniciativa recomendo vivamente que se começe por Jersey na respeitada Inglaterra.
Se investigarem esta maravilhosa ilha de Sua Majestada Britânica, ficarão mais chocados do que em tremor de terra em vez de darem importância às mijadas dos príncipes ou dos peidos da Rainha.
Permito-me so chamar a atenção para o facto de ao lado do anfitrião Bush se terem sentado, o Brasil à direita e a China à esquerda. Sei que o protocolo internacional ordena os países por ordem alfabética (em francês ou em inglês), mas ainda assim não é despiciente...
Oriente, lugar onde nasce... o Sol
O meu primeiro professor de História Geral da Arte, Mendes Atanázio, obrigou-nos a ler um livro que marcou para sempre o meu olhar em relação à arquitectura: «Saber ver a arquitectura», de Bruno Zevi.
Diz-nos o autor que na boa arquitectura o espaço deve ser pensado para aquilo que servirá.O espaço serve para aquilo que foi construído. Esta minha reflexão vem a propósito da Gare do Oriente e das minhas recentes experiências de passageiro.
É certo que os comboios circulam pelas linhas, os passageiros entram e saiem, mas numa zona húmida como aquela, a que se junta a ventania 300 dias por ano, torna a gare um lugar detestável,inóspito,desconfortável, a evitar sempre que se possa.
O piso zero é um congelador sem uma réstia de sol ou com uma iluminação natural inexistente.O piso superior igualmente frio, está cheio de obstáculos,má sinalética e não tem nunhum lugar onde, de Setembro a Junho se possa estar sentado à espera do próximo comboio.
Se subirmos para as paltaformas a tragédia aumenta.O vento devora os passageiros e a cobertura de ferro concebida por Santiago Calatrava, permite a entrada de todas as águas,desde chuviscos aos maiores aguaceiros.
Assim sendo,se chover,deves esperar no andar de baixo,onde não há lugar para esperar.
Temos uma gare com uma arquitectura monumental,espectacular mas sem preocupação com a sua praticidade.
Tenho também histórias para contar sobre Siza Vieira e a sua incapacidade de compreeder o ritual da eucaristia na Igreja de Marco Canavezes.Se tivesse lido a Instrução Geral do Missal Romano saberia, que, há 40 anos a pia baptismal,apesar de ser utilizada num rito de entrada, não se utiliza à porta das igrejas mas no altar-mor..mas vale mais cair em graça, do que ser engraçado...
Para a mais nova e minha amiga Rá
10 novembro 2008
Dia de São Martinho...
...vai à adega e prova o vinho!
Antes de baptizado e convertido ao Cristianismo, S. Martinho foi na mocidade soldado das legiões do Imperador Juliano. Certo dia, sob o vendaval e a neve, equipado e armado, montado a cavalo, S. Martinho viu um mendigo seminu, tiritando de frio, estendendo para ele a sua pobre mão ossuda e congelada.
O Santo parou o cavalo, tomou com caridade a mão desse abandonado e, em seguida, tomou da espada, cortou pelo meio a sua capa de agasalho, deu metade dela a esse miserável peregrino e, envolto na outra metade, sacudiu a rédea e prosseguiu através da tormenta, do vento e da neve.
Subitamente, porém, no caminho do soldado, a tempestade desfez-se, amainou o tufão e a geada, o céu descobriu instantaneamente, como por encanto, a sua profundidade límpida e azul, e um sol acariciante e resplandecente inundou a terra de alegria e vestiu de luz e calor esse cavaleiro caridoso.
Deus, reconhecido, para que não se apagasse da memória dos homens a notícia deste acto de bondade, praticado por um dos seus eleitos, dispôs que em cada ano, na mesma época em que S. Martinho se desfez da metade da capa, por alguns dias se interrompesse o Inverno, cessasse o frio, sorrisse o céu e a terra, e um calor saudasse a natureza, sempre insensível à vontade dos homens, em memória daquele que, em certo dia, humilde soldado, trotando a sós por um caminho, desafiou e venceu a fúria insuperável dos elementos.
Lua de Mel
Não esperem do Obama o que ele não vos pode dar. Ele é negro, mas na verdade é branco. Culturalmente branco, intrinsecamente branco. A cabeça dele funciona como um branco. Não sei se é um WASP escurecido. Espero que não, mas de esquerda não é certamente. De qualquer das maneiras, abriu-se aqui uma janela para o reencontro da América com a velha Europa e um regresso ao multilateral.
A América, dizia eu, entrou numa fase de declínio, mas sempre que isto acontece o país desenvolve um impulso renovador, uma surpreendente nova juventude, por isso, sem dúvida, a América tem ainda condições e recursos para lançar um novo ciclo económico de expansão. Nessa tarefa gigantesca há pressupostos essenciais. É IMPERIOSO reformar o FMI, o Conselho de Segurança da ONU e respeitar as decisões da Assembleia Geral.
No restante mundo o crescimento de outras super potências asiáticas é irreversível, acentuando a tendência para uma multi polaridade, com quatro ou cinco grandes potências, contra o momento presente de uni polaridade americana (muito mais saudável e equilibrado).
A Europa, para galopar este momento particular da sua história, ou se torna rapidamente nos Estados Unidos da Europa ou continua uma amálgama histórica de estados com as suas divisões e soberanias, e para se posicionar vai ter de continuar ligada, como uma filhinha, à América e à sua hegemonia liberal.
Vai lá vai, até a Barak'obama!
P.S.: Todos os presidentes dos EUA, com excepção de Geroge W.Bush e Nixon, foram ou são maçons. O Barak também no grau 32 do Rito Escocês Antigo e Aceite.
A viagem do elefante
Existiu, no século XVI, um paquiderme indiano que caminhou de Lisboa a Viena, ao qual José Saramago chamou Salomão e cuja história conta no seu novo livro, «A Viagem do Elefante», uma metáfora da vida humana.
«O livro narra uma viagem de um elefante que estava em Lisboa, e que tinha vindo da Índia, um elefante asiático que foi oferecido pelo nosso rei D. João III ao arquiduque da Áustria Maximiliano II (seu primo). Isto passa-se tudo no século XVI, em 1550, 1551, 1552. E, portanto, o elefante tem de fazer essa caminhada, desde Lisboa até Viena, e o que o livro conta é isso, é essa viagem», disse o escritor, em entrevista à Lusa.
Apesar das mais de 250 páginas do livro, uma edição da Caminho que estará quinta-feira nas livrarias, Saramago considera-o um conto, e não um romance, «porque lhe falta o que caracteriza em primeiro lugar um romance: uma história de amor -o elefante não conhece uma elefanta no caminho - e conflitos, crises», argumentou.
Para este novo livro, o escritor não encontrou informação histórica suficiente «para dar consistência a essa viagem, porque alguma coisa teria de acontecer enquanto a viagem durou, e durou meses», pelo que lhe restou «a invenção, fabricar uma história».
«Os dados históricos eram pouquíssimos e o que há tem que ver principalmente já com o que se passou depois da chegada do elefante à Áustria. Daqui de Lisboa até lá, não se sabe o que aconteceu. Sabe-se, ou parte-se do princípio de que foi de Lisboa até Valladolid - onde o arquiduque era, desde há dois ou três anos, regente, em nome do imperador Carlos V (de quem era genro) -, que embarcou no porto da Catalunha para Génova e que tudo o que não foi esta pequena viagem de barco foi, como costumamos dizer, à pata», resumiu.
Teve conhecimento da história «há uns anos, já bastantes», em Salzburgo, cidade a que se deslocou a convite da universidade e onde foi recebido pela leitora de português Gilda Lopes Encarnação.
«Creio que no próprio dia da minha chegada fomos jantar com outros professores a um restaurante que se chamava 'O Elefante'. O simples nome do restaurante não era suficiente para despertar a minha curiosidade, mas a verdade é que lá dentro havia uma escultura relativamente grande representando um elefante e havia, sobretudo, um friso de pequenas esculturas que, entre a Torre de Belém, que era a primeira, e outra de um monumento ou edifício público que representaria Viena, marcava o itinerário do elefante entre Lisboa e Viena. Perguntei-lhe o que era aquilo, ela contou-me e, naquele momento, eu senti que aquilo podia dar uma história», relatou.
Começou a escrever em Fevereiro de 2007, altura em que já estava bastante doente, com um problema respiratório, escreveu «umas 40 páginas» e parou, porque a doença se agravou, e acabou por ser hospitalizado durante três meses, tendo chegado a pensar que não terminaria o livro. Mas recuperou, regressou a casa em Fevereiro deste ano, embora "mal" - «de certo modo, uma sombra de mim mesmo», observou -, pôs-se logo a escrever e acabou-o em Agosto, no dia 12.
«[Contei esta história] em primeiro lugar, porque me apeteceu, e em segundo lugar, porque, no fundo - se quisermos entendê-la assim, e é assim que a entendo - é uma metáfora da vida humana: este elefante que tem de andar milhares de quilómetros para chegar de Lisboa a Viena, morreu um ano depois da chegada e, além de o terem esfolado, cortaram-lhe as patas dianteiras e com elas fizeram uns recipientes para pôr os guarda-chuvas, as bengalas, essas coisas», referiu. «Quando uma pessoa se põe a pensar no destino do elefante - que, depois de tudo aquilo, acaba de uma maneira quase humilhante, aquelas patas que o sustentaram durante milhares de quilómetros são transformadas em objectos, ainda por cima de mau gosto - no fundo, é a vida de todos nós. Nós acabamos, morremos, em circunstâncias que são diferentes umas das outras, mas no fundo tudo se resume a isso», defendeu.
Sobre a epígrafe do livro, o prémio Nobel da Literatura português sustentou que esta «é muito clara quando diz 'sempre acabamos por chegar aonde nos esperam'».
«E o que é que nos espera? A morte, simplesmente. Poderia parecer gratuita, sem sentido, a descrição, que não é exactamente uma descrição, porque é a invenção de uma viagem, mas se a olharmos deste ponto de vista, como uma metáfora, da vida em geral mas em particular da vida humana, creio que o livro funciona», comentou.
Agência Lusa (em homenagem a R)
Não li o livro ainda. Tenho medo. Gostei da ideia para a história, mas acho Saramago um chato. Chato mesmo! Na vida e na escrita. Ainda assim, neste caso vou experimentar.
Viva a flatulência (pêdorrera no alentejo)
A castanha é usada na alimentação desde tempos pré-históricos, sendo provavelmente um dos alimentos mais antigos. A árvore da castanha - Castanea sativa - foi introduzida na Europa há cerca de 3000 anos, através da Grécia.
A castanha que comemos é de facto uma semente que surge no interior de um ouriço (o fruto do castanheiro). Actualmente a castanha é consumida essencialmente no Outono e considerada quase como que uma guloseima. Contudo, noutros tempos, esta teve uma enorme importância na dieta alimentar dos portugueses. No século XVII, a castanha era considerada um dos produtos básicos da alimentação dos beirões chegando se necessário a substituir o pão ou as batatas. As minhas árvores favoritas são so flamboyants e os castanheiros
Casa do Bento
– Esta ponte é tão bonita. É a ponte D. Luís do Porto.
– Oh mãezinha, desculpe, esta ponte é a Vasco da Gama. Reconheço os candeeiros. Fui eu que os escolhi.
– Queres ver agora que eu não sei o reconhecer a Ponte Vasco da Gama... A novela é gravada em Lisboa... iam agora fazer a Vila Faia para o Porto.
FICOU ESTUPEFACTO respondendo já com um tom de irritação:
– Desculpe mãe, mas esta é a Ponte Vasco da Gama.
– Então estamos os dois a dizer a mesma coisa. Farto-me de passar por ela quando vou ao Alentejo...
Parabéns, mai belha...
06 novembro 2008
Meia-vida
Media vita mortem sumus, foi o que lhe veio à cabeça naquele dia. Quantas vezes se juntou aos monges que cantam esse hino. Só ali entendeu o que queriam dizer. Ele fazia 35 anos nesse dia e foi cortar o cabelo. Olhou para o espelho da barbearia. Tudo mudou nesse dia. A água que choveu nessa manhã de primavera escorreu pelo barranco formando um lamaçal. Junto com ela escorreram também as suas lágrimas. Nunca mais a vida foi igual.